Suinocultores e criadores de aves de Entre Rios do Oeste, no Paraná, estão se unindo para produzir energia elétrica com dejetos animais. A eletricidade será suficiente para abastecer as propriedades que integram o condomínio e ‘zerar’ as contas de energia dos órgãos municipais e da iluminação pública. Inicialmente, 19 propriedades serão responsáveis pela produção de biogás em parceria com a Companhia Paranaense de Energia (Copel) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás). O lançamento do projeto foi na tarde desta sexta-feira (11).
O investimento para a instalação dos biodigestores e a interligação por meio de um biogasoduto de 22 km, além da central termoelétrica, será de R$ 17 milhões. O valor investido estará pago em oito anos e meio com a venda do excedente de energia para a Copel. A previsão é que as obras tenham início entre janeiro e fevereiro de 2016 e produção comece em um ano e meio. O projeto vem sendo estudado desde 2011.
De acordo com o diretor-presidente do CIBiogás, Rodrigo Régis, encerrada a primeira fase e outros produtores sendo integrados ao condomínio, a ideia é que toda a cidade, que hoje tem cerca de 4 mil habitantes, seja abastecida pela energia produzida com o biogás local. “A região tem um enorme potencial de utilização dos dejetos animais ainda pouco utilizado”, comentou ao lembrar que o desejo das indústrias da região é de se duplicar e até triplicar a produção de proteína animal.
O município conta com uma população de 130 mil suínos e 355 mil aves. “Os danos ambientais causados pelos dejetos destes animais equivalem aos produzidos por uma cidade com uma população de 530 mil habitantes. O aproveitamento destes dejetos surge como uma solução e um vetor de transformação econômica e ambiental, já que a poluição será reduzida e os produtores receberão por esta energia produzida e vendida para a Copel”, reforçou.
Por reunir diversos criadores de aves e de suínos, a região tem um grande potencial no aproveitamento dos dejetos. E, além de economizar na conta de energia, a produção de biogás gera uma série de vantagens, como a redução a quase que total do mau-cheiro nas propriedades em função das fezes dos animais, a produção de biofertilizante – massa dos dejetos depois de separada do biogás –, e preservação do meio ambiente, já que os resíduos deixam de ser dispensados em rios e reservatórios de água.
Outros exemplos do uso de Biogás no país:
Em todo o país, estão cadastradas 153 unidades geradoras de energia utilizando o biogás. Na região, 12 iniciativas vêm sendo desenvolvidas com o apoio do CIBiogás. Entre eles estão o Condomínio de Agroenergia para Agricultura Familiar Ajuricaba, em Marechal Cândido Rondon, criado em 2009, e a Granja Haacke, em Santa Helena, em funcionamento desde 2013.
O condomínio que será instalado em Entre Rios do Oeste é semelhante ao de Marechal Cândido Rondon, onde 33 pequenas propriedades rurais, com atividades de suinocultura e bovinocultura geram cerca de 350 Kwh por dia de energia elétrica e térmica usada nos barracões de criação e maquinários e na secagem de grãos, por exemplo.
Já a granja de Santa Helena é uma propriedade de médio porte, com 84 mil aves poedeiras e 750 bovinos de corte. E, além de gerar energia elétrica e térmica por meio do biogás, ela também produz biometano, combustível com o qual abastece uma frota de 36 veículos com um posto instalado na Hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu.
Fonte: G1