Trabalho de pesquisador da UEPA busca formas mais baratas de geração de energia.
Há dois anos, o engenheiro ambiental Gabriel Holanda decidiu analisar as plantas aquáticas do lago Bolonha, no Parque Ambiental do Utinga, em Belém. Três espécies filtram a água e se proliferam na área, cobrindo quase todos os cerca de 370 mil metros quadrados do lago. Uma delas tem o nome popular de “alfacinha” e foi escolhida para análise pelo pesquisador.
“Ao redor do lago existe muita ocupação irregular de algumas residências e existem muitos pontos de lançamento de esgoto doméstico. E elas (plantas) vão se proliferar, porque se alimentam disso (poluição). Quando elas (plantas) se proliferam muito, acabam participando do processo de eutrofização”, explica Gabriel.
O pesquisador explica que a proliferação das plantas impede a passagem da luz solar e acaba deixando o ambiente sem oxigênio dentro da água, propício para espécieis mais resistentes e prejudicial para o ecossistema, resultando na diminuição da biodiversidedade.
Em seis meses de trabalho no lago Bolonha, o pesquisador coletou cerca de 120kg de alfacinha para análise no Laboratorio de Engenharia Florestal da Universidade do Estado do Pará (UEPA). O objetivo triturar o vegetal e aguardar a decomposição do material por 30 dias até que a massa liberar o biogás, uma fonte alternativa de energia.
A literatura especializada mostra que 1 metro cúbico de biogás é o equivalante a quase 1,4 kilowatt/hora de energia, o suficiente para manter 10 lampadas de 100 watts ligadas por uma hora. O biogás produzido no laboratório tem até 70% de metano na composição e também pode ser usado como alternativa ao gás de cozinha convencional, que é derivado do petróleo.
As decobertas são resultado do trabalho de conclusão de curso do Gabriel em 2015, orientado pelo professor Marcelo Raiol. A expectativa é que o trabalho seja concluído ainda em 2017 e possa resultar na produção em larga escala de um gás mais barato.
“O processo de produção do gás em refinarias de petróleo é muito mais caro. Nesse caso específico da alfacinha, teria uma planta de pequeno porte, uma matéria prima de graça. Com certeza, em termos de manutenção e operação, vai baratear o custo. Então, basicamente, é essa a diferença: matéria prima muito mais barata e disponível”, explica o professor orientador Marcelo Raiol.
Fonte: G1